Mais um carimbo para o meu passaporte de vinícolas chilenas. Dessa vez, fui conhecer a Pérez Cruz na companhia da minha amiga Bárbara e tenho a impressão que estou começando a desvendar o segredo dos vinhos chilenos…

 

A Pérez Cruz fica pertinho, cerca de uma hora de Santiago, e o ideal é ir de carro ou contratar um transporte. Está localizada no Valle del Maipo, conhecido pela produção de vinhos tintos e um dos maiores vales viticultores do Chile.

Fundada em 2001, a vinícola  familiar é considerada relativamente pequena aqui no Chile. Produz cerca de 720 mil litros por ano. Porém, impressiona por sua grande estrutura projetada em forma de barril pelo arquiteto chileno José Cruz Ovalle .

 

O tour na vinícola Pérez Cruz

Assim que chegamos fomos recebidos pela gerente de marketing e turismo Maria José e por Alejandro Peralta, gerente de produtos da vinícola. Eles nos deram as boas-vindas e explicaram que as visitas são organizadas em grupos pequenos com o objetivo de dar mais atenção e proporcionar uma experiência mais personalizada ao visitante.

Em seguida, fomos apresentadas à nossa simpática guia, também chamada Maria José, e partimos com ela para o nosso tour percorrendo a área externa. Logo no começo, notamos a movimentação da vinícola em plena produção já que estávamos no período da colheita das uvas (que acontece em fevereiro).

Para mim, essa é a melhor época para visitar uma vinícola, quando é possível acompanhar todas as etapas da elaboração do vinho. Uma curiosidade é que uma vinícola fica totalmente ativa por apenas 2 meses por ano. No restante do período, os vinhos ficam em guarda e os vinhedos são podados para que voltem a brotar na primavera.

Etapas da produção do vinho

A Pérez Cruz se dedica exclusivamente à produção de vinhos tintos e a Maria José nos explicou que eles fazem o que se chama de engarrafamento na origem. Ou seja, controlam todas as etapas da produção, do cultivo da uva até o engarrafamento.

Na nossa visita, vimos as uvas colhidas esperando para entrar na máquina para serem prensadas e transformadas em suco. Esse suco, chamado de mosto porque está misturado com a casca, é levado aos tanques de aço inoxidável, onde acontece a maceração, que dura aproximadamente dois dias.

A guia nos mostrou também como os tanques estavam frios e explicou que eles se utilizam de uma técnica chamada de maceração em frio. A ideia é aportar um aroma mais intenso ao vinho. Em seguida,  ocorre a fermentação, que é uma etapa que leva em torno de 7 dias.

Durante esse período, o enólogo experimenta essa mistura e faz várias anotações nas fichas de cada tanque. Se necessário, leva amostras para o laboratório para avaliar os próximos passos da produção. Depois do processo de fermentação concluído, o suco é separado da casca e esse líquido, que já é quase um vinho, vai para os barris de madeira. Todos os vinhos da Pérez Cruz passam por eles.

Um detalhe é que, enquanto todos esses segredinhos da Pérez Cruz eram contados pela Maria José, nós víamos todos trabalhando, das abelhas, passando pelos operadores das máquinas até o próprio enólogo da Pérez Cruz, Germán Lyon – e eu não poderia deixar de mencionar esse momento.

 

Degustação direto do barril

Depois fomos para a adega onde ficam os barris e fizemos a degustación de barricas. Foi bastante curioso porque, mesmo conhecendo mais de 40 vinícolas, ainda não tinha feito algo parecido. A ideia é sentir a diferença entre os vinhos guardados em barril americano e em barril francês.

O Cabernet Sauvignon Reserva, carro-chefe da Pérez Cruz, é o único que é composto de uma mescla de guarda: 60% em barril francês e 40% em barril americano. A diferença é grande: o vinho do americano é mais amadeirado. Eu gostei mais do vinho guardado em barril francês: mais suave com o sabor mais frutado e com a madeira menos marcada. A experiência foi muito interessante.

Em seguida, conhecemos a terceira Adega (linda!), onde ocorrem as degustações dos visitantes. E uma outra coisa me despertou curiosidade: vi que as tampas dos barris eram de cristal. Achei muito chique, mas sabia que tinha um motivo: é que, nesta etapa, ocorre uma segunda fermentação, chamada malolática, para reduzir a acidez do vinho.

Antes de seguir para o momento final da visita, a Maria José nos levou a uma varanda com vista para o vinhedo e nos contou mais um segredo. Ao apontar a cordilheira, ela nos falou da importância dessa atividade para a família Pérez Cruz.

Degustação final

Nossa degustação aconteceu em uma pequena sala perto do laboratório. O primeiro vinho  da Pérez Cruz que degustamos foi o Cabernet Sauvignon 2015 Reserva (aquele que é uma mescla de barris). Embora conste no rótulo que ele seja reserva, soubemos que ele passará a Gran Reserva, devido à sua qualidade. Acho que merecidamente. Realmente, um vinho estruturado e muito agradável de tomar.

O segundo foi o Carmenere 2016 – limited edition. Essa é minha cepa preferida, então, sou suspeita. Aliás, essa uva é muito típica no Chile. Tem um sabor marcante e, ao mesmo tempo, suave, um aroma de frutas e ervas, uma cor de rubi. Enfim, perfeito!

E, por último, veio o Cot 2015, também limited edition. Na verdade, é um Malbec, mas também pode ser chamado de Cot. Não sabia! Vivendo e aprendendo sempre! 

Além dos vinhos que estão incluídos no tour, existem outras opções para comprar na loja. Por exemplo, o Petit Verdot, um vinho diferente que desperta bastante curiosidade nos brasileiros. Vale experimentar!

Pois é, depois de tantos detalhes, acho que vocês podem imaginar o segredo da Pérez Cruz: dedicação, técnica e, sobretudo, muita paixão pelo que se faz. Mas, para ter certeza, só indo lá para conhecer.

Informações sobre o tour na Pérez Cruz:

  • Três opções de tour: Tour Liguai, Tour Limited e Tour Pérez Cruz
  • Duração: Por volta de 1 hora e 20 minutos.
  • Valor: a partir de CLP $20.000 (R$117)
  • Para reservar, acesse o site da vinícola para saber mais detalhes sobre o tour.

 

Aproveita para conferir a relação que fiz dos 10 vinhos que vale a pena levar para o Brasil.