Sul do Chile: roteiro completo para conhecer Chiloé em 4 dias

Quando se fala em Chiloé, a maioria das pessoas logo pensa naquelas casinhas coloridas em palafitas tão famosas em fotos.

No entanto, a região tem muito mais a oferecer. Sempre tive curiosidade para visitar e, como adoro uma viagem, eu e meu marido Flavinho fomos conhecer.

Neste post, escrevo sobre a nossa experiência e o que você precisa saber para visitar o Arquipélago de Chiloé e suas pequenas ilhas. Apesar de ainda ser uma região pouco visitada por brasileiros, vale a pena colocar no seu roteiro se quiser explorar um pouco da diversidade do Chile.

 

Conheça Chiloé

Castro é a capital da Província de Chiloé, localizada a 172 quilômetros ao sul da cidade de Puerto Montt (mesma cidade que voamos para chegar a Puerto Varas, leia aqui) e situada na região de Quiquilhue (“lugar onde abundam as samambaias costela-de-vaca”, em mapudungun). 

https://nosnochile.com.br/roteiro-para-o-sul-do-chile-4-dias-completos-em-puerto-varas/ 

É a terceira cidade mais antiga do Chile e foi fundada pelos conquistadores espanhóis, que tomaram posse do arquipélago de Chiloé em 1567.De acordo com o último censo de 2017, tem uma população de 43.807 habitantes.

A península de Rilán, parte mais turística de Chiloé, fica a 26 km de Castro. Lá destacam-se seus seis mirantes que oferecem incríveis vistas do arquipélago, fazendas e a Igreja Santa Maria de Rilán, uma das 16 igrejas de madeira de Chiloé reconhecidas como Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2000. 

Pela sua localização mais afastada do continente, Chiloé possui uma natureza exuberante e desenvolveu uma cultura única e interessante, com elementos da mitologia e do folclore diferentes do resto do Chile, em especial em sua música, danças (cueca e vals chilote), lendas e arquitetura.

Melhor época para viajar para Chiloé

A melhor época com certeza é no verão, entre novembro e março. Fora dessa época chove muito e faz bastante frio. Mesmo indo no verão, visitamos em janeiro 2024, pegamos temperaturas variando entre 5 e 16 graus, imagina no inverno!

O clima de Chiloé se classifica como temperado marítimo chuvoso, com temperaturas médias de 11ºC e chuvas abundantes e sensação térmica bem mais fria.

O único problema de viajar no verão é que algumas localidades ficam tomadas pelo tábanos, moscas gigantes que atacam nessa época do ano e não dão sossego.

Mostrei aqui neste vídeo

Como chegar em Chiloé

Saindo do aeroporto de Santiago tem voo direto para Castro pelas companhias aéreas Latam e Sky. No entanto, como queríamos fazer a travessia do Canal de Chacao, preferimos pegar um voo até Puerto Montt e alugamos um carro. Se você optar por esse roteiro, é importante deixar o carro já agendado. Nós reservamos pela locadora Chilean Rent Car e a retirada do veículo foi no próprio aeroporto.

O turista brasileiro pode dirigir no Chile com a habilitação brasileira – saiba mais aqui no post dúvidas frequentes. Para alugar o carro você precisa apresentar o passaporte ou identidade, a carteira de habilitação e um cartão de crédito internacional.

Depois de 1h20 de voo desembarcamos em Puerto Montt com 12 graus em pleno janeiro. Uma lição para quem vem turistar aqui é: mesmo no verão os casacos são imprescindíveis para quem viaja para o Sul do Chile. 

Retiramos o carro e pegamos estrada. O trajeto do aeroporto de Puerto Montt até a balsa para fazer a travessia do Canal de Chacao é de 50 quilômetros. A balsa para a travessia funciona 24 horas. O valor depende do tamanho do seu carro e o trajeto leva 20 minutos. Para saber os valores, acesse aqui o site da empresa que faz a travessia. 

Também é possível também fazer todo o percurso de carro, de Santiago a Chiloé, porém é preciso reservar mais mais tempo para a viagem. Eu recomendo fazer uma parada em alguma cidade estratégica, como Temuco, para não ir dirigindo direto, pois segundo o são cerca de 1.200 km e 14 horas de estrada.

A outra opção é ir de ônibus, saindo de Santiago até Castro. A empresa Cruz del Sur faz esse trajeto e a passagem custa em média $30.000 CLP.

As passagens podem ser adquiridas através deste site

Assista o vídeo da nossa viagem de avião e de carro até chegar em Chiloé.

Hospedagem em Chiloé

Muita gente se hospeda em Castro.  Nós preferimos ficar um pouco mais afastados, mas numa região bem bonita chamada La Estancia, Rilán, que fica a cerca de 40 minutos do aeroporto de Castro.

Nos hospedamos no Hotel Rilan,  muito confortável e bonito, com café da manhã bem gostoso e vista incrível para o mar.

Em breve você pode conferir o meu review do hotel aqui no blog.

Para reservar esse hotel e garantir o desconto pelo Booking é só clicar aqui.

Por enquanto, confira aqui o vídeo do Hotel Cava Estância Rilan. Clicando aqui para assistir!

Quais passeios fazer em Chiloé ?

Opções não faltam para visitar em Chiloé: panoramas culturais, gastronômicos e naturais!

Dia 1: Chegada

Nós chegamos em Ancud, uma comuna de Castro, às 11 horas da manhã. Como o nosso check-in era somente às 15h, optamos por ir parando no nosso percurso de carro e conhecer a região ao longo da rota costeira Quemchi – Dalcahue. 

Nossa primeira parada foi em um povoado chamado Quemchi. Aproveitamos para almoçar em um restaurante que foi muito bem recomendado, Lancha Chilota (saiba mais aqui), e realmente nos surpreendeu pela qualidade, além do lugar ser um charme. Aproveitamos para provar as comidas típicas da região: congrio, choritos e outros. 

https://www.instagram.com/lanchachilota/ 

Chiloé é conhecido pelos chilenos pela qualidade dos peixes e frutos do mar frescos e deliciosos. Recomendo esse restaurante, comi uma torta de maçã de sobremesa que estava divina.

Depois do almoço, continuamos na estrada e chegamos a um outro povoado chamado Tenaún que tem uma das igrejas e é Patrimônio da Humanidade de Chiloé. Entramos então para conhecer a primeira igreja em Chiloé.  No total são 16 igrejas declaradas como patrimônio.

Confesso que eu me decepcionei com a igreja – como sou de Minas Gerais, terra das cidades históricas e igrejas lindíssimas – eu esperava mais. 

Depois da visita, seguimos em frente e dirigimos mais uns 30 minutos até chegar na cidade de Dalcahue, muito lindinha por sinal. Tem uma feira de artesanato enorme, para quem gosta de conhecer. Tem também um mercado com produtos típicos e outra igreja que integra o conjunto patrimonial. Gostei bastante dessa cidade, que é a maior a gente parou.

Continuamos na estrada e mais 30 minutos já chegamos ao Hotel Cava Estância Rilan. Gravamos vídeo do nosso hotel e você pode assistir aqui.

Fechamos o primeiro dia com o jantar no nosso hotel e descansamos para continuar no dia seguinte.

Dia 2: Visitando o novo projeto da vinícola Montes 

Nessa viagem vivemos uma experiência única no mundo do enoturismo: visitamos a vinícola experimental da Montes, localizada em uma pequena ilha de Chiloé. A jornada até lá já é uma aventura por si só, começando com uma travessia de barco a partir de Dalcahue, na ilha principal de Chiloé. 

O trajeto leva cerca de duas horas e é simplesmente deslumbrante: as formações rochosas imponentes e o céu azul transformaram a viagem em um espetáculo. No verão, o mar é calmo, quase como um lago.

A ilha onde se encontra o vinhedo experimental da Montes se chama Añihue, e é bem pequena, com cerca de 150 habitantes. Chiloé, que já é uma ilha pequena, parece ainda maior em comparação com Añihue. A sensação de exclusividade é imediata.

Embora a vinícola Montes seja famosa por seus vinhedos no Vale de Colchagua, este vinhedo em Chiloé tem um propósito muito especial: é um espaço experimental, dedicado principalmente à produção de espumantes. O vinhedo possui apenas 2 hectares e foi estabelecido para testar novas técnicas de cultivo de uvas, já que as mudanças climáticas estão impactando a viticultura em várias partes do mundo. A proposta é simples: encontrar métodos sustentáveis e adequados para cultivar uvas em uma região austral.

O que torna essa experiência tão fascinante é a oportunidade de ver de perto como um vinhedo experimental funciona. A vinícola Montes está constantemente explorando maneiras de tornar a ilha propícia para o cultivo, ajustando práticas de manejo, clima e solo. Pudemos ver de perto como eles utilizam técnicas inovadoras, como o uso de conchas para absorver e refletir o calor nas parreiras, ajudando as uvas a crescerem melhor em um clima mais frio. Eles também utilizam redes para proteger o vinhedo dos ventos que vêm do mar e testam o cultivo com e sem grama para verificar qual método proporciona o melhor desenvolvimento das uvas.

A visita, claro, não seria completa sem uma degustação. Os vinhos que provamos foram excelentes, com destaque para os espumantes, que estão começando a ganhar vida nesse vinhedo. 

A viagem de volta também foi um deleite. Após um dia repleto de boas descobertas, retornamos ao hotel com o coração cheio e a mente relaxada, contemplando a beleza natural ao redor.

Veja como foi a nossa experiência no vídeo que eu fiz sobre a vinícola experimental da Montes. 

Assisto o vídeo clicando aqui para ver nosso canal do YouTube 

Dia 3 –  Conhecer o Muelle de las Almas

Como estávamos de carro alugado, fizemos esse passeio de carro. O local era um pouco distante do nosso hotel. Colocamos no Maps para ter uma orientação do caminho, que em várias partes é de estrada de terra. 

Chegamos ao local onde compramos a entrada para o Muelle Las Almas. O tíquete deve ser comprado no caminho e tem sinalização do local de venda. o valor é de $3.000 pesos por pessoa.

De onde compramos o tíquete até a entrada foram mais 3 km de carro e fomos avisado que teria que fazer o percurso de mais 4 km caminhando para chegar ao Muelle. Estacionamos o carro e começamos a nossa caminhada.

Lembra dos tábanos, as moscas gigantes que atacam? Então, caminhamos o tempo todo com os tábanos nos perturbando. Mas a vista compensa! Pegamos um dia bonito de sol e céu azul e a água do mar também estava azul turquesa. 

No caminho paramos numa placa que contava a lenda da construção do Muelle, uma passarela de madeira construída em direção ao mar. Antigamente, havia uma lenda que dizia que quando a pessoa morre, a alma dela deveria ser transportada do horizonte ao céu em um bote. 

Chegamos ao local e tinha uma fila para fazer as fotos no Muelle. O Muelle de las Almas foi o primeiro construído em Chiloé e virou um ponto turístico muito famoso e visitado por todos os turistas que vão ao arquipélago.

Demoramos uma hora caminhando até esse ponto turístico, mais uma hora na fila para a foto. E o trajeto de carro saindo do hotel até o local foi cerca de 2 horas, então precisa considerar 6 horas para esse passeio.

Importante ter para esse passeio, levar:

  • Protetor solar
  • Água
  • Algo para proteger do sol, como chapéu ou boné
  • Algo para proteger dos tábanos, eu usei um lenço que eu tinha.
  • Roupa apropriada para trekking, que eu não usei neste dia, vocês podem ver neste vídeo.

Na volta paramos na cidadezinha de Chonchi com construções antigas e casas com fachadas lindas e típicas da região feitas com tejuelas, telhas de madeira fabricadas em peças finas e cônicas. Nesta cidade existem muitas lojas de decoração, artesanato  e igrejas também. 

Como a gente estava morrendo de fome depois do trekking, aproveitamos para comer numa cafeteria bem lindinha chamada La Ventana de Elisa. Depois de caminhar pela cidade, voltamos para o hotel para descansar e jantar.

 

Dia 4: Mercado de Chiloé e passeio pelas pinguineras

Acordamos cedinho, tomamos mais um café delicioso no nosso hotel e decidimos fazer um passeio com o guia para aprender mais sobre Chiloé. Escolhemos a agência Conecta Chiloé e o guia que nos acompanhou neste dia foi o Oscar.

O dia começou no mercado de peixe de Castro, onde aproveitamos para provar mariscos típicos da região. No local acontece também uma feira de pequenos produtores, então vale muito a pena conhecer.

Depois do mercado, fomos conhecer as Pinguineras Puñihuil e tentar avistar pinguins de Humboldt, pinguins de Magallanes e lontras marinhas. Eu estava ansiosa para esse passeio. Com a agência Conecta Chiloé nós chegamos até a praia mais próxima da ilha, dali entramos em um pequeno barco para conseguir nos aproximar dos pinguins.

Só é possível fazer esse passeio entre final de novembro até final de fevereiro, que é quando os pinguins estão habitando essa ilha. 

Dentro do barco,o guia vai explicando sobre a vida dos pinguins nesta ilha e sobre a distância de segurança que o barco pode se aproximar da ilha. Não podemos descer do barco e nem caminhar na ilha, que fica exclusiva para os pinguins nesta época.

O melhor horário para ver os pinguins é no início da manhã ou no finalzinho da tarde, que são os horários em que eles se concentram ali. A gente foi por volta das 14 horas e não conseguimos ver muitos, então já anota essa dica!

É muito interessante esse passeio. São 40 minutos de navegação ao redor da ilha para avistar os pinguins.

Algumas considerações importantes:

Fiquei com muita vontade de voltar e explorar mais de Chiloé. Sei que 4 dias é pouco, mas foi o que a gente conseguiu fazer dessa vez.

O prato típico de Chiloé é o curanto, mas infelizmente nós não tivemos tempo de provar, então ficou aquele gostinho de quero mais. 

 

Nossa agência parceira:

Conecta Chiloé Turismo Cultural. Fizemos os passeios com eles e indicamos. Clica aqui para fazer um orçamento.

 

Veja nosso vídeo no canal do YouTube :

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