A Patagônia chilena é o destino turístico perfeito para quem deseja explorar a natureza e conhecer cenários incríveis.

Mas antes de tudo, vale lembrar que o Chile abriga a terceira maior reserva de gelo do mundo, perdendo apenas para a Antártida e Groenlândia.

Ao todo, são mais de 20 mil quilômetros de gelo e deste total, 4.200 estão na região de Aysén, onde se localiza o Glaciar San Rafael.

Ainda são 7 horas da manhã; está escuro e a temperatura é de 2 graus quando somos convidados a embarcar no catamarã Aysén para começar a navegação até a Lagoa San Rafael para ver o glaciar com o mesmo nome.

Este passeio é operado pelo Hotel Loberías del sur, onde passamos a noite, o que facilita bastante, pois o hotel  localiza-se em frente ao porto de onde sai a embarcação.

O catamarã Aysén é enorme: são dois andares e capacidade para mais de 200 passageiros. A tripulação inclui capitão,  auxiliar, guias, garçons e pessoal de limpeza.

Logo ao entrar, o guia já nos direciona para o nosso assento com mesa e próximo à janela. 

Por fim, quando todos já estão nos seus assentos, o capitão anuncia no alto falante e é dada a partida. 

O trajeto até a geleira San Rafael, na Patagônia chilena

O dia já começa com um café da manhã que é servido nas mesas: café, leite, chá, sanduíche e frutas.  

No segundo andar da embarcação tem uma área externa onde a gente pode aproveitar o deslocamento para apreciar a paisagem da Patagônia chilena, mas é importante estar bem agasalhado, pois do lado de fora a temperatura é de 2 graus

Durante todo o tempo é possível acompanhar pelas telas de televisão o trajeto que o catamarã vai percorrendo, a velocidade e o tempo estimado da chegada.

O percurso é feito por fiordes e canais do Parque Nacional Laguna San Rafael. A previsão é de 4 horas de navegação até chegar na geleira.

Antes das 12 horas servem um drink do calafate sour – uma frutinha típica da Patagônia e diz o ditado: “quem prova o calafate, volta à Patagônia”. Deve ser verdade, pois é a minha terceira vez aqui. 

Hora do almoço

Logo após, já serviram o almoço: uma salada, salmão com torta de batatas e sobremesa. Tudo acompanhado de vinho branco ou tinto, você escolhe.

Após o almoço, o capitão avisa que já estamos próximos da entrada da Lagoa San Rafael.

Olho para os telões e vejo que realmente falta pouco, então já preparo as câmeras para fazer todas as fotos e vídeos possíveis.

Em poucos minutos, já conseguimos avistar pedaços de gelos enormes que se desprenderam do glaciar. Uma cor azul surpreendente.

Inclusive, nos meus stories chegaram a me perguntar se era filtro, mas não era. Já já vou explicar o porquê desta cor azul tão intensa.

Assim que o catamarã chega na lagoa, começa a tocar o hino nacional chileno. Que emoção!

Nesta hora todos saem alvoroçados para a área externa da embarcação com a única intenção de não perder nenhum momento.

Os stories desse passeio que fizemos na Patagônia chilena continuam nos destaques do meu Instagram, aproveita para seguir @blognosnochile

De longe, já avistamos o imponente glaciar. Que incrível!

Apesar de não ser a minha primeira vez, a emoção que eu senti foi como se tivesse sido. 

Em seguida, nos dividimos em grupos para entrar no bote e poder chegar mais pertinho da geleira.

Neste momento tem que colocar todos os agasalhos possíveis, afinal, do lado de fora já fazia -2 graus, além da capa de chuva e o colete salva-vidas.

Enfim, fica até difícil de se mover com tanta roupa. 

A experiência de chegar pertinho da montanha de gelo

Ficamos no primeiro grupo e entramos no bote.

Um guia vai passando informações sobre o imponente glaciar San Rafael e o que me chamou mais atenção foi quando ele disse que a gente só consegue ver 10% de tudo.

Então, fiquei pensando no que tinha dentro da água e por trás daquilo que meu olho conseguia enxergar. 

O glaciar tem cerca de 2 km de largura, 50 metros de altura e 250 metros de profundidade de gelo por dentro da água (parte que a gente não consegue ver). É realmente impressionante, a emoção bate forte.

Neste momento eu parei um minuto e agradeci a Deus a oportunidade de estar nesse lugar e conhecer algo tão maravilhoso.

Em seguida, o bote se aproxima e vai se movendo para que todos possam apreciar o momento e fazer lindas fotos. 

Ficamos por ali uns bons minutos até o capitão nos avisar que é o momento de retornar ao catamarã. 

São infinitos pedaços de gelo soltos na lagoa, de todos os formatos e tamanhos.

O desprendimento do gelo é um processo natural, mas como esse glaciar está muito perto da Linha do Equador e, também, com o aquecimento global, este processo tem acontecido de forma mais acelerada que o esperado.

Eu peguei um pedaço para provar e percebi que realmente é salobra – uma mistura da água doce da geleira com a água salgada do mar. 

 

A volta tem diversão garantida

Ao voltar ao catamarã, continuamos ali observando a imponência do glaciar, aproveitamos também para conhecer a cabine do capitão que, gentilmente, nos recebeu e fez uma foto. 

Quando todos retornam, o catamarã já começa a navegar de volta e então vem a grande surpresa.

O guia convida a todos para um brinde com whisky com o gelo milenário. Sim! Teve brinde com whisky. 

Logo após, avisaram que a partir daquele momento teríamos bar aberto, ou seja, bebidas liberadas: whisky, calafate sour, vinhos e espumantes.

Até que a volta passa bem rápido, pois a diversão é garantida com o karaokê – quem quiser pode soltar a voz, até eu fui lá para cantar música brasileira.

O porquê da cor azul intensa da geleira

Lembram que eu falei que iria explicar o porquê dessa cor azul intensa do gelo? 

Bem, o que acontece é que o gelo fica extremamente compactado com o passar dos anos, diminuindo cada vez mais a quantidade de oxigênio entre as partículas da água.

Assim, quando a luz branca entra, ele filtra e reflete a cor azul. É o mesmo fenômeno que acontece no prisma, que entra luz branca e sai as cores do arco-íris.

Muito interessante né?

Além disso, quando você pega o gelo na mão ele é transparente, pois a luz branca não está entrando.

Informações importantes 

Como chegar:

Saindo de Santiago são 2 horas de voo até o aeroporto de Balmaceda. Do aeroporto são cerca de 1 hora até Coyhaique ou 2 horas até o hotel Loberías del sur – Puerto Chacabuco, de onde sai a embarcação.

Quando é possível fazer a navegação?

Eu já fiz duas vezes, em maio e final de agosto de 2023. Eles não operam nos meses de junho, julho e até meados de agosto.

Tempo de duração?

das 7 às 19 horas

Onde se hospedar?

O ideal é dormir no hotel Loberías del Sur, pois se você fica na cidade de Coyhaique são cerca de 1h30 de deslocamento, mas dá para fazer também. Em Coyahique sugiro o hotel Raíces, eu falo mais sobre esse hotel aqui ness post da Carretera Austral.

Capelas de Mármore é outro passeio possível fazer nessa região 

Roteiro completo na Patagônia chilena, Carretera Austral.

O Pedro é brasileiro, da agência Free Adventure, e organiza toda a sua viagem, inclusive a reserva do hotel.

Clica aqui para fazer um orçamento desse e outros passeios. 

Veja aqui o vídeo da minha primeira vez na geleira San Rafael