A princípio, Santiago do Chile tem muitos pontos turísticos interessantes, mas os roteiros fora do óbvio são os que eu mais gosto, afinal, é sempre bom fugir de lugar turistão e conhecer opções que só mesmo quem mora no país conhece. 

Morando em Santiago do Chile há 9 anos, adquiri experiência e sei que esses lugares são especiais, bem como “achados” dentro de tantos passeios que todo mundo já ouviu falar e fez durante a viagem para o Chile.

Logo, se você quer ter uma experiência diferente, recomendo ler este post e reservar um tempo na sua viagem!

1. Mercado Urbano de Tobalaba (MUT)

Localizado entre Providencia e Las Condes, o recém-inaugurado MUT abriga lojas de grandes marcas (como Natura, Adidas e The Body Shop), lanchonetes, feira de artesanatos, venda de pequenos produtores, mas também atividades culturais e artísticas. 

Integrado à estação de metrô Tobalaba, o espaço recebe os mais diversos públicos: jovens, famílias, pessoas que trabalham e moram na região, além de quem passa pela estação de metrô diariamente. 

Um dos pontos mais interessantes é a pegada sustentável que, de cara, é a base do MUT.

Primeiro, o incentivo ao transporte limpo: acesso fácil por metrô, bicicleta e scooter, entre outros.

Para isso, o mercado possui o BICIHUB, espaço dedicado exclusivamente a eles, com estacionamento, lockers e oficinas para que os ciclistas se sintam bem-vindos. 

Em segundo lugar, o fornecimento de energia do projeto é 100% renovável: eólico, hidráulico e solar.

Além disso, a água utilizada também é  reciclada ou reutilizada para irrigação de áreas verdes.

Na parte gastronômica, opções de hambúrguer, pizza, sushi e até açaí.

Já o valor das refeições lá pode ser bem interessante. Por exemplo, uma pizza pequena (para uma pessoa) e um refrigerante, pode sair por apenas CLP 3 mil pesos (R$16). 

O lugar é bem descolado e com certeza vale incluir no seu roteiro.

Recomendo ir num sábado pela manhã ou começo de tarde, que é quando acontecem as feiras de artesanatos no local.

Como chegar?

Av. Apoquindo 2730, Las Condes. Estação de metrô Tobalaba (L1 E L6).

Saiba mais, aqui.

2. Bairro Franklin 

O Bairro Franklin, ou “Barrio Franklin” em espanhol, é uma região localizada na área central de Santiago do Chile, com muito comércio popular e histórias.

Quer saber de uma curiosidade?

A origem do bairro está associada à construção de um matadouro no ano de 1947, que acabou consolidando o local como centro comercial e de abastecimento na zona sul de Santiago.

Mais tarde, em 1979, após uma crise financeira, o matadouro foi fechado, e os galpões foram ocupados por vendedores de todos os tipos de coisas. 

Hoje, o Bairro Franklin concentra mais de 4.500 estabelecimentos comerciais, como oficinas artesanais, pequenas empresas que vendem antiguidades, comida típica, roupas, móveis e venda de garagem.

Mas com certeza o que eu mais recomendo nesse bairro, para ir direto a um lugar certeiro é a Factoría Franklin.

Localizado em um edifício histórico onde hoje é um espaço de comida, arte e cultura de pequenos empreendedores que se uniram para oferecer produtos únicos e exclusivos como, por exemplo,  chocolates, pães, cafeterias, além de muitas opções de comidas e até uma destilaria.

Onde comer no Franklin, em Santiago do Chile?

De antemão, se bater a fome eu recomendo um bom sanduíche na  @Lafiambrería, que é um local dedicado à charcutaria artesanal.

Outra boa opção é  @bymaria, que tem excelentes opções de sanduíches, acompanhando de cervejas artesanais. 

Aos sábado pela manhã oferece visita guiada gratuita, mas a reserva deve ser feita pelo Instagram.

(Endereço: Av. Franklin, 741, Santiago).

Outros pontos interessantes são as feiras de produtos novos e de segunda mão ou “cachureos”, como dizem por aqui. Lá você poderá conhecer: o Persa Victor Manuel (antiguidades), o Persa Nuevo Placer (ferramentas), o Persa Biobío (móveis, eletrodomésticos, roupas e ferramentas), o Mall del Mueble (móveis) e o Persa Paseo Santa Rosa (antiguidades, livros, computadores, roupas e comidas). 

Além disso, você também pode explorar o bairro de Franklin caminhando, já que suas feiras abrem aos sábados, domingos e feriados a partir das 9h, localizadas entre a Rua Franklin e a Rua Biobío.

Também vale a pena ainda  passar na Las Gangas, localizada entre as ruas Placer e San Francisco, a primeira feira de móveis chilenos do bairro, fundada há 30 anos e aberta todos os dias.

Caso queira comprar peixes frescos, frutos do mar, verduras, frutas e carnes passe no Mercado Matadero, localizado entre as ruas San Diego, Arturo Prat, Figueroa e Bío-Bío.

Agora, se bater a fome, entre a Santa Rosa e a Víctor Manuel, estão os melhores sanduíches do bairro: Donde María, La Picá del Jaime e Carlitos, el rey del lomito.

Atenção: como é um local de comércio popular e bastante movimentado, recomendo não ir com nada de valor, como correntinhas de ouro. Além disso, cuidado redobrado com bolsas e celulares.

Por fim, sábado pela manhã é o melhor dia e horário para essa visita. Se quer ir em apenas um lugar, escolha a Factoría Franklin. 

Como chegar?

Recomendo ir de metrô e descer na estação Franklin (L2 e L6), depois caminhar ao norte pela Av. Sta. Rosa, até chegar à Av. Franklin.

3. Bairro Itália

O “Barrio Itália” é um dos lugares mais interessantes de Santiago do Chile, afinal, ele mistura construções antigas, ruas arborizadas, vitrines, artesanatos, galerias de arte, decorações, desenhos, antiquários, cafeterias, restaurantes e bares charmosos.

Rodeada pela Avenida Itália, a região faz parte das comunas de Providencia e Nuñoa.

O nome se deve à construção do famoso e antigamente concorrido Teatro Itália, que nos últimos anos se converteu em um interessante centro de desenho, gastronomia, comércio e cultura.

Agora, uma dica de passeio ideal para um sábado de manhã: bater perna, em seguida entrar nas galerias e ir descobrindo cada cantinho.

Conheça também as lojas de desenho, design, móveis, decoração, artesanatos, utensílios para casa e muitos mais.

Na Avenida Itália com Caupolican é possível ver os móveis expostos nos passeios e mestres trabalhando nas peças.

O bairro também tem ótimas opções para comer.

Recomendo o Café de la Candelaria (sanduíches, lanches e até pratos para um bom almoço), La Tranquera (para provar as famosas empanadas e doces chilenos), Restaurante DaNoi (comida italiana) e Pizzaria Tío Tomate (com opções de queijos veganos e massa sem glúten).

Não vá na segunda-feira, pois, neste dia muitas lojas e galerias ficam fechadas.

Também não vá de manhã; o comércio aqui só abre à partir de 11 horas.

Como chegar?

Vá de metrô. Você pode descer na estação Salvador (L1) ou descer na Baquedano (L1) e trocar para a L5, descendo na estação Santa Isabel. 

Leia mais sobre o Bairro Itália, neste post. 

4. Lastarria, um dos meus lugares favoritos em Santiago do Chile

Já no “Barrio Lastarria” você vai encontrar um ambiente único: arte de rua, música, cultura, gastronomia e comércio.

Sem dúvidas, este é um dos meus lugares preferidos de Santiago.

O pequeno bairro engloba algumas ruas, mas é na principal delas, a José Victorino Lastarria, que se concentram as várias opções de restaurantes, bares, cafés, galerias, museus e até um cinema de rua.

Certamente o bairro também encanta por seus murais pintados em várias de suas construções.

Ademais, os artistas de rua que se apresentam por ali contribuem para dar um toque especial ao passeio.

Foi a partir da Igreja de Vera Cruz e de seus casarões construídos no século XIX  que o bairro se formou.

As construções foram preservadas como patrimônio cultural e dão uma sensação de conhecer uma Santiago do passado.

Tente caminhar para explorar. Assim, você irá conhecer o Museo de Artes Visuales (MAVI), que fica na Plaza Mulato Gil de Castro.

No trecho entre o MAVI e a calle Merced, funciona uma feirinha de artesanato, antiguidades e livros.

Passe pelo Cerro Santa Lucía, que fica ali pertinho, e pelo Centro Cultural Gabriela Mistral (GAM).

Para comer, vale a pena provar o Bar Liguria (comida chilena), o Bocanáriz (wine bar) e o Emporio La Rosa (sorveteria). 

Por fim, dá para visitar em qualquer dia da semana, no horário do almoço pode ser uma boa pedida. Desde já, recomendo os restaurantes Bocanariz ou Ligura. 

Leia mais no meu  guia completo sobre Onde comer em Santiago.

Como chegar?

Inicialmente, você pode acessar o bairro por vários pontos: estação de metrô Universidad Católica (L1), tem uma passagem lateral que desemboca direto na rua principal; outra opção é a estação de metrô Bellas Artes (L5), saindo pela rua Mercedes. 

Saiba mais sobre Lastarria, aqui.

5. Templo Bahai

O Templo Bahá’í da América Latina não é somente uma casa de oração, mas também um ícone da arquitetura de Santiago do Chile.

A Fé Bahá’í é uma religião mundial independente, com suas próprias leis e escrituras sagradas, surgida na antiga Pérsia (atual Irã), em 1844. 

Localizado aos pés da cordilheira dos Andes, o templo é uma cúpula que se destaca de longe.

Está rodeado pela natureza, tem o formato de uma flor, com nove pétalas (lados) e nove portas de acesso em diferentes direções do planeta para dar as boas-vindas a todos os tipos de pessoas.

O templo é  aberto a todos para reflexão e oração e possui uma vista linda de toda Santiago, ideal para apreciar o pôr do sol.

A entrada é grátis e também tem estacionamento.

O templo funciona de terça a sexta, de 9h às 12h e de 14h30 às 17h. Aos sábados e  domingos, das 9h às 17h.

Como chegar? A melhor opção é ir de Uber.

A corrida sai por mais ou menos $10.000 (R$60,00) a ida. Endereço: Diagonal Las Torres, 2000 – Peñalolen, Santiago.

Também dá para ir de transporte público, porém o ônibus vai te deixar na portaria, e dessa portaria até o templo, você terá que caminhar cerca de 1,5 km numa subida.

Para isso, pegar a L1 do metrô até o final, em Los Dominicos. Depois, caminhar até o ponto de ônibus – Parada 4 e tomar o D11 – Diagonal Las Torres.

Mais informações sobre o Templo Bahai, leia aqui.

Veja o vídeo que eu fiz no Templo Bahai.

6. Isla Negra

Outro passeio delicioso é conhecer uma das casas-museu do poeta Pablo Neruda.

Isla Negra  é o nome rebatizado por Pablo Neruda, pelas pedras escuras que há na praia.

A região faz parte da cidade praiana El Quisco e não tem nada de ilha.

Como disse o próprio Pablo Neruda: “é uma casa como Chile, larga e angosta”. No português, comprida e estreita.

O local tem uma linda vista para o Oceano Pacífico, que pode ser visto do interior de toda a casa. 

A casa foi adquirida por Neruda em 1938 e toda decorada com peças que lembram o mar, como réplicas de veleiros, barcos dentro de garrafas, caracóis marinhos e algumas peças brasileiras, como uma garrafa de areia, presente do brasileiro Jorge Amado.

Há também uma coleção de borboletas, entre elas uma brasileira.

Os corpos de Pablo Neruda e de sua esposa, Matilde Urrutia, foram enterrados no quintal da casa, cumprindo assim a vontade do poeta, expressa no poema Disposiciones: “compañeros, enterradme en Isla Negra, frente al mar que conozco, a cada área rugosa de piedras y de olas que mi ojos no volverán a ver”.

Outras casas de Neruda são a La Sebastiana, em Valparaíso, e a La Chascona, em Santiago.

Depois da visita guiada com um áudio, como nas outras casas, vale almoçar no restaurante El Rincón del Poeta, dentro da própria casa.

Funciona de quarta a domingo, de 10h às 18h. A entrada é CLP $9.500

Como chegar? É um passeio que dá para fazer com carro alugado, pois são 117 km partindo de Santiago. Mas tem também a opção de agências recomendadas. 

E então? Gostou das opções para fugir do roteiro turistão em Santiago do Chile? Caso visite algum desses lugares, volte aqui para contar pra gente como foi.